#O Demônio de Salomão e o Animal Estranho

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#O Demônio de Salomão e o Animal Estranho https://youtu.be/fpOZ6SM9FLg?si=rOYIe8Xq0V8NnB0_ O rei Salomão era conhecido por sua sabedoria e riquezas. Ele também era um grande mago, e tinha poder sobre os demônios. Um dia, Salomão decidiu construir um templo para o Senhor. Ele sabia que seria uma tarefa árdua, pois as pedras para a construção eram muito grandes e pesadas. Então, Salomão invocou um demônio poderoso. O demônio era capaz de cortar pedras com facilidade, e logo começou a trabalhar na construção do templo. O demônio trabalhava dia e noite, e em pouco tempo o templo estava quase pronto. Salomão estava muito satisfeito com seu trabalho, e o demônio foi recompensado com a liberdade. Anos depois, um grupo de exploradores estava viajando pelo deserto quando se deparou com um estranho animal. O animal era grande, com um corpo coberto de escamas. Ele tinha uma boca enorme, cheia de dentes afiados. Os exploradores ficaram curiosos com o animal, e decidiram segui-lo. O ani

bruxas & feitiçeiras

É comum confundir-se bruxaria e feitiçaria. Nos poucos textos nacionais que podemos encontrar na internet sobre o tema, e salvo uma rara excepção, utilizam-se as palavras “bruxa” e “feiticeira” como se fossem sinónimos. Pior, fala-se do caso português com tristeza, como se em Portugal nunca tivessem existido bruxas ou feiticeiras, ao mesmo tempo, que se chora copiosamente as desgraçadas queimadas na fogueira, isto num país que como salienta José Pedro Paiva, na sua excelente obra, foi um país “sem caça as bruxas”.


Embora este presente texto, não tenha como finalidade expôr longamente sobre a história da bruxaria em Portugal, gostaríamos de salientar um aspecto que julgamos fundamental, para os que estudam este tema, e que é a distinção problemática entre os conceitos de bruxaria e feitiçaria. Ao falarmos de bruxaria e feitiçaria, somos obviamente levados a falar em Magia. Mas a que tipo de magia nos referimos? Habitualmente fala-se em: “magia branca” e “magia negra”, isto é, aquela que é benéfica e a que é malefica. Tem-se por isso em conta, nesta definição de m


agia, o intuito da operante em fazer o bem ou o mal.
Contudo, esta definição colorida, parece-nos demasiado obsoleta e ineficaz para a compreensão da diferenciação entre a feitiçaria e bruxaria – pois se a utilizássemos, mais tarde ou mais cedo, seriamos confrontados com um novo problema: qual das realidades aliaríamos a “magia branca” ou a “magia negra”? Será que a principal diferença entre bruxaria e feitiçaria, se encontra no facto, da feiticeira só usar um tipo de magia e a bruxa outro tipo, sendo que, pelo carácter demonológico da bruxa, esta apenas utilizaria a “magia negra”, segundo tal distinção? Mais tarde ou mais cedo, compreenderíamos que um dos principais obstáculos na saga da diferenciação entre a feiticeira e a bruxa, se encontra no facto, da feiticeira poder ser tanto benéfica como maléfica, sendo que neste segundo ponto, se encontra demasiadamente próxima da bruxa.
Preferimos então, seguir outro tipo de diferenciação magica: “magia natural” e “magia demonológica/diabólica”. Sendo que, num primeiro momento, a cisão entre a ideia de Religião e Magia se dá com os primeiros escritores cristãos e devido a necessidade de diferenciarem o Cristianismo Primitivo do Paganismo Clássico. Assim o Cristianismo, apareceria como a verdadeira religião enquanto o Paganismo seria uma falsa religião, baseada na magia que obviamente seria de origem demoníaca. Alguns dos principais autores cristãos à revelarem-se contra o Paganismo e a fundamentarem esta cisão, serão: Taciano (séc. II), Clemente de Alexandria (c. 150. – c.215), Orígenes (c. 182. –c.254) e Tertuliano.


Apartir desta cisão entre o domínio da religião e o da magia, dá-se um novo problema: a existência de magia – a qual os cristãos davam o nome de “milagres”- no Novo Testamento. Tal questão, vai levar os próprios cristãos a aprofundarem a ideia de magia, para se defenderem de tal acusação. O que não deixa de ser irónico é o facto, de como guardiães do conhecimento antigo durante todo o período da Escolástica, serem os responsáveis da nova divisão entre “magia natural” e “magia demoníaca”. Assim sendo, só apartir do século XII, se começa a desenhar a diferenciação entre esses dois tipos de magia, sendo que no século XII, já era admitida em alguns círculos de filósofos e teólogos, obviamente, ligados à própria Igreja.
Neste contexto, é inegável a extrema importância do filosofo e autor da obra: “De Divisione Naturae” – João Escoto Erígena; assim como da Escola de Chartres, no “Renascimento do séc. XII”. Erígena (quer dizer em português – Filho de Erin/Irlanda), com a sua obra “De Divisione Naturae” (mais tarde proibida e condenada, segunda uma bula de 23 de Janeiro de 1225, da autoria do Papa Honório III), de carácter neoplatónico, procede a divisão entre a Natureza visível e invisível. A obra de cinco volumes, subdivide a natureza em quatro partes que funcionam como um círculo vital do ser divino. Desenvolvendo duas ideias de extrema importância: a do lado divino da natureza, enquanto obra de Deus, e da sua manifestação e a da natureza visível e oculta. Sendo a Natureza oculta de Erígena relacionada pelos intelectuais de Chartres à ideia platónica de Anima Mundi.
Através da qual, é forjado o conceito de magia natural – no sentido, em que algumas pessoas, capazes de “verem” o lado oculto/divino da natureza, poderiam utilizar plantas, ervas e etc, devido as suas propriedades misteriosas, para as suas operações mágicas. Com a aceitação da diferenciação entre a magia natural e a demoníaca, dá-se uma nova discussão sobre a classificação dos diferentes tipos de magia, problemática que se estende até ao séculos XIV e XV, sem encontrar uma conclusão final.
O Mundo da Magia, é um mundo extremamente complexo, definir magia é profundamente difícil, contudo, isto não quer dizer, como algumas pessoas afirmam, que é impossível definir magia, pois “magia” é algo simples e natural. Tal ideia é totalmente errada e nasce apenas do total desconhecimento, das diferentes áreas mágicas. Dizer que magia é uma coisa natural, poderá estar correcto, se nos referirmos a “magia natural”, porém, ao referirmo-nos a “magia demoníaca” que poderá partir do mesmo pressuposto, então, “tal definição” é limitativa e castradora, acabando por poder ser considerada falsa, pois não faz menção dos componentes-base desse tipo de magia.
A “magia natural”, por sua vez, não é sinónimo de “magia branca”, não se prende apenas ao domínio do “benéfico”. Como já dissemos, “magia natural” baseai-se na crença de que a natureza tem um lado mágico e divino que pode ser usado, mas não se refere, a finalidade “positiva” ou “negativa” com que é utilizada. A Natureza no seu aspecto “divino” vai para além do bem e do mal – meros limites criados pelos homens, para medirem as suas acções e possíveis consequências. De forma que, a “magia natural” poderá ser usada tanto para o “bem” como para o “mal”, é este tipo de magia que é utilizado pelas Feiticeiras.
A Bruxaria, por sua vez, é caracterizada por determinados elementos que a compõem, são eles: o pacto demoníaco, voo nocturno – metamorfose animal e a vivência do Sabat, que em Portugal, era chamado de “Ajuntamento Nocturno”. É, sem dúvida, de caracter demoníaco. Encontrando-se no domínio da magia demoníaca ou diabólica.


Teríamos, então, através da diferenciação entre “magia natural” e “magia demonológica”, a base da diferenciação da feitiçaria e bruxaria, relacionando as duas primeiras e as duas últimas. Porém, como nos mostram os relatos de feiticeiras e bruxas: uma feiticeira pode ser apenas uma feiticeira, mas, uma bruxa é aquela que sendo bruxa é também feiticeira.
Poderíamos concluir então, que a feitiçaria é como um “estádio” pelo qual as mulheres que viriam a ser bruxas passavam, contudo, havia quem nunca evoluí-se para a bruxaria, mantendo-se totalmente na feitiçaria, e por fim, existiriam aquelas e aqueles, que se encontravam num “estádio” entre a feitiçaria e a bruxaria. Em Portugal, no século XVI, e segundo o que nos é dado a conhecer pelos documentos da Inquisição, haveriam mais feiticeiras que bruxas, sendo que apenas se conhecem dois relatos de ida para o Sabat, neste século, um de Simão Pinto e outro de Margarida Lourenço, sendo que o primeiro teria 15 anos e a segunda foi dada como louca e solta, pela Inquisição. É também necessário referir, que nesta época não era ainda, utilizada a tortura


para angariar confissões de feiticeiras/os e bruxas/os, como acontecerá no século XVII, onde os relatos de idas para o Sabat aumentam, no mesmo sentido, em que os Inquisidores passam a conhecer melhor os elementos que constituem a base da Bruxaria. Em Portugal, porém, no que diz respeito a pactos demoníacos e a metamorfoses em animais, somos bastante ricos. Sendo que as nossas “bruxas” teriam preferencia em se transformarem em corujas, o que é de facto, infrequente na história da bruxaria europeia. Indo de encontro ao mito da strix romana, poderemos considerar este aspecto, como uma das particularidades da nossa história da bruxaria. No que se refere ao Sabat ou ajuntamento de bruxas, há uma preferência quanto ao local: Vale dos Cavalinhos, actual Vale de Santo António em Lisboa.
Como vimos, Portugal, ao contrário do que é muitas vezes dito, é rico em Feitiçaria e dependendo da época, também, em Bruxaria, onde por vezes, nos destacamos por características peculiares, quando comparados aos outros casos de Bruxaria Europeia.
Ardath Lilith

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